quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Lição 03

JOEL – O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO
Texto Áureo: At. 2.17 – Leitura Bíblica: Jo. 1.1; 2.28-32

Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
 

INTRODUÇÃO
A Igreja Evangélica carece de um derramamento do Espírito Santo, nos moldes daquele que aconteceu no dia de pentecostes (At. 2). No contexto daquele evento, Pedro ressaltou o cumprimento da profecia de Joel a esse respeito. Na lição de hoje estudaremos sobre Joel, o profeta pentecostal. Inicialmente destacaremos os aspectos contextuais do livro, sua mensagem, e ao final, a aplicação para a igreja de hoje.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Joel, cujo nome significa “O Senhor é Deus”, era filho de Petuel, e entregou sua mensagem para o povo de Judá, do Reino do Sul, bem como para o povo de todo o mundo. A data provável em que profetizou foi entre 835 a 796 a. C., durante reinado de Joás, que subiu ao trono de Judá com a idade de sete anos (II Rs. 11.21), e que permaneceu sob a orientação do sumo sacerdote Joiada durante toda a sua minoridade. Naquela época, semelhantemente ao que aconteceu com o povo do norte, Judá desfrutava de plena prosperidade. Essa condição favorecia o sincretismo religioso, o povo adorava ao Deus de Israel, ao mesmo tempo em que se dobravam perante outros deuses. Por isso, Joel profetiza a fim de evitar que Judá sofresse o castigo de Deus como consequência dos seus pecados. Os versículos-chave se encontram em Jl. 2.12,13: “Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus; porque ele é misericordioso. E compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência, e se arrepende do mal”. Um dos temas centrais da sua mensagem é: O Grande e Terrível Dia do Senhor. Através da sua mensagem Joel pretendia fazer com que o povo de Judá se apresentasse perante o Senhor (Jl. 1.14; 2.14,16); conduzir o povo ao arrependimento e para que se apresentasse humildemente diante de Deus (Jl. 2.12-17) e profetizar a respeito dos resultados do arrependimento sincero (Jl. 2.18-3.21). O livro apresenta a seguinte divisão: 1. O julgamento dos gafanhotos (Jl. 1.1-12); 2. O desastre da seca (Jl. 1.13-20); 3. O julgamento de Judá no futuro próximo (Jl. 2); 4. O grande e terrível Dia do Senhor (Jl. 3.1-16) e 5. A restauração de Judá (Jl. 3.17-21).

2. A MENSAGEM DE JOEL
A mensagem de Joel não é exclusivamente para Judá, mas para todos os habitantes da terra (Jl. 1.2). Portanto, todos devem estar atentos aos sinais dos tempos, pois a praga virá, destruindo a produção (Jl. 1.8-10). Os sacerdotes devem despertar, pois eles são responsáveis diretos pelo povo (Jl. 1.13,14). Mas cada pessoa, individualmente, deve responder a mensagem de Deus. Assim procedeu Joel, apesar do afastamento do povo, ele se apresenta como exemplo, mantendo-se no caminho do Senhor (Jl. 1.19,20). O profeta deixa claro que o julgamento de Deus virá, simbolizada pelos gafanhotos (Jl. 2.3-12). Portanto, todos devem se arrepender dos seus pecados, e praticarem um jejum santo (Jl. 2.12-17). O arrependimento resultará em bênçãos espirituais, a principal delas o derramamento do Espírito (Jl. 2.28-32), em resposta ao pedido de salvação do povo (Jl. 2.32). Esse mover do Espírito terá plenitude quando Israel se voltar para Deus, por ocasião do Milênio (Ap. 16.14-16; 19.17-19). Antes disso haverá uma batalha final, registrada por vários profetas (Is. 17.12; 24.21-23; Mq. 4.11-13; Zc. 12.2,3). Depois dessa batalha Judá finalmente desfrutará da plenitude das benções do Senhor (Jl. 3.18-21). Por esse tempo se cumprirão as profecias messiânicas alusivas à restauração plena de Israel.

3. PARA HOJE
Os cristãos têm muito a aprender com a mensagem de Joel, principalmente diante das calamidades que nos assolam. O sofrimento é uma realidade inevitável, ainda que tentemos negá-lo, o próprio Jesus o conheceu muito bem. Ele foi um homem de dores, e sabia o que era padecer (Is. 53.3), pranteou sobre Jerusalém (Lc. 22.44), na cruz sentiu o desamparo de Deus (Mc. 15.34). Nem sempre o sofrimento é resultado de pecado, mas muitas vezes isso pode acontecer. A mensagem dos profetas alerta para a necessidade de arrependimento. Caso contrário, coisa pior sempre poderá acontecer, caminhar distante de Deus traz consequências (Lc. 13.2-5). O Dia do Senhor virá, Jesus fez referência a este em Mt. 24.29-31. Pedro também mostra que esse Dia virá como um ladrão, no qual os elementos serão destruídos pelo fogo (II Pe. 3.10). Trata-se de um dia de julgamento pelo qual a Igreja não passará, já que terá sido arrebatada para se encontrar com o Senhor nos ares (I Ts. 4.13-18). O Dia do Senhor terá início justamente depois que a igreja tiver sido tirada. Haverá na terra grande sofrimento, será um tempo sem igual em sofrimento. Por fim, quando Cristo vier em glória, o povo de Israel experimentará um grande avivamento espiritual (Jl. 2.28-32). Em At. 2.17,21 Pedro explica o derramamento do Espírito como cumprimento da profecia de Joel. A igreja já se encontra na dispensação do Espírito Santo, por conseguinte, experimenta, por antecipação, do mover espiritual que Israel receberá no futuro.

CONCLUSÃO
Jesus Cristo quer derramar o Espírito sobre a Sua Igreja, mas para isso ela precisa buscar (Lc. 11.13). O Batismo no Espírito Santo é uma doutrina pentecostal que tem sido esquecida em muitos púlpitos. Jesus continua sendo o Batizador (Mt. 3.11), Ele sabe da importância do recebimento desse poder, a fim de que Sua igreja possa ser uma testemunha fiel (At. 1.8). Ao invés de nos deixar seduzir pelos poderes terrenos, voltemos a buscar o poder do alto (Lc. 24.49), sem o qual não passaremos de meras agremiações religiosas, sem autoridade espiritual para levar adiante o evangelho de Cristo.

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
HUBBARD, D. A. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A GESTÃO DO PASTOR MAURÍCIO EM ACARI-RN É MARCADA POR GRANDES REFORMAS.
Após reformar a congregação do bairro Petrópoles, a casa pastoral e a Congregação que está no Povoado Bulhões agora é a vez do templo sede que será totalmente reformado ganhando dez metros em seu comprimento, novo piso revestido em cerâmica, portas e janelas em vidro, fôrro em pvc e nova fachada.O serviço já está bem adiantado e  no ponto para ser coberto.Além das reformas, a igreja também ganhou um veículo(Kombi),fruto de um voto que um irmão fez e ao ser abençoado em seu emprego ,ofertou o que havia prometido para a obra do Senhor Jesus.
Vejam as fotos registrando os fatos:
















quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Lição 02

OSÉIAS – A FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS
Texto Áureo: II Co. 11.2 – Leitura Bíblica: Os. 1.1,2; 2.14-17, 19,20

Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O Deus da Bíblia não é uma simples força, ou uma máquina que não deseja se relacionar com os seres humanos. As Escrituras revelam um Deus que se revela, que falou e ainda fala (Hb. 1.1,2). Mas esse Deus é Espírito, e deve ser adorado como tal (Jo. 4.24). O livro do profeta Oséias, que será estudado na aula de hoje, nos instrui quanto a essa importante verdade. A princípio apontaremos os aspectos contextuais do livro, em seguida, a mensagem para aquele tempo, e ao final, sua aplicação para os dias atuais.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
O propósito de Oséias é mostrar o amor de Deus pela nação israelita, ainda que essa estivesse em pecado. O nome de Oséias, que era filho de Beeri, significa “salvação” em hebraico. Sua mensagem foi destinada ao Reino do Norte (Israel), aproximadamente em 715 a. C., e narra fatos que aconteceram por volta de 753 a 715 a. C. O ministério profético de Oséias teve início ao final do próspero, mas decadente reinado de Jeroboão II. Há registros que as classes mais altas desfrutavam de prosperidade financeira enquanto que os pobres eram oprimidos. Sua profecia se estende até pouco tempo depois da queda de Samaria, em 722 a. C. O versículo-chave de Oséias é o bastante controvertido texto: “E o Senhor me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem os bolos de uvas” (Os. 3.1). Os estudiosos concordam que essa ordenança divina não orientava o profeta a se casar com uma mulher adúltera, mas com uma que iria tornar-se infiel ao profeta. Isso pode ser deduzido a partir dos nomes dos filhos de Oséias com Gômer, sua amada esposa. O primeiro, Jeezreel (Deus espalha), ao que tudo indica, teria sido filho de Oséias, mas não os demais: Lo-Ruama (não compadecida) e Lo-Ami (não meu povo), resultado dos relacionamentos pecaminosos de Gômer. Ademais, um profeta de Deus não poderia se casar com uma mulher adúltera, pois o Senhor havia proibido que os sacerdotes assim procedessem (Lv. 21.7). O livro apresenta a seguinte divisão: 1. O casamento de Oséias com Gômer (cap. 1); 2. O adultério de Gômer (cap. 2); 3. A restauração de Gômer por Oséias, a demonstração de amor fiel do esposo (cap. 3); 4. O adultério idólatra de Israel (caps. 4,5); 5. Israel se recusa a arrepender-se (caps. 6 a 8); 6. Israel é julgada por Deus (caps. 9,10) e 7. a restauração de Israel pelo Senhor amoroso e fiel (caps. 11 a 14).

2. A MENSAGEM DE OSÉIAS
O livro de Oséias revela o propósito de Deus de ter um relacionamento singular com o Seu povo Israel. Isso porque aquela nação se encontrava distanciada do Senhor, como Gômer, havia se tornado “uma esposa adúltera” (Os. 1.1-3). Ao invés de ser grata a Deus, por tudo que Ele havia providenciado (Os. 2.8), Israel preferiu ir após deuses estranhos. Como consequência, o Senhor haveria de tirar os benefícios que havia lhe dado (Os. 2.9-13) com o objetivo de atraí-la novamente para Ele (Os. 2.14). Apesar da infidelidade de Israel, a esposa, Deus, o esposo amoroso, não desiste (Os. 2.19-23). Do mesmo modo que Gômer tratou Oséias, Israel o fez com o Senhor, distanciando-se emocionalmente dEle, e deixando de levar o compromisso da aliança firmado a serio (Os. 3.1-3). O sofrimento de Deus, pela traição de Israel, é figurado na mensagem profética de Oséias (Os. 4.1-4). Ele identifica os pecados das nações, inclusive dos sacerdotes (Os. 4.5-11). A culpa precisa ser assumida, Deus chama a atenção para esse fato, caso contrário, o julgamento virá (Os. 4.8-15). O povo, ao invés de arrepender-se, busca pactos com nações vizinhas, a fim de obterem uma suposta segurança (Os. 6.8-18). Nem mesmo a religiosidade será capaz de evitar o julgamento, os sacrifícios para nada servem, apenas para ocultar a falta de contrição do povo (Os. 8.11-14). Por não se arrependerem, o povo de Israel irá para o cativeiro, na Assíria (Os. 9.1-9), as glórias do passado não serão contadas. Mas há ainda uma esperança, Deus julga, mas esse mesmo Deus que julga é também amoroso, e deseja relacionar-se com o Seu povo (Os. 11.1-4). Seu amor e paciência não têm fim, por isso, aqueles que decidirem seguir o Senhor serão renovados (Os. 12.14). A adoração a Baal resultou na morte espiritual de Israel (Os. 13.1-3), todavia, somente Deus é o Senhor (Os. 13.4-8). Israel deveria reconhecer essa verdade, e saber que o amor de Deus é livre e incondicional (Os. 14.4), e que somente este amor é capaz de transformar o povo (Os. 14.5-8).

3. PARA HOJE
A mensagem de Oséias tem tudo a ver com a realidade atual, inclusive nas igrejas evangélicas. O relacionamento prefigurado entre Oséias e Gômer tem conotação direta com o de Jesus e a Igreja (Ef. 5.27). Muitas igrejas evangélicas estão em situação de adultério espiritual. A Igreja, que antes era não povo, tornou-se povo de Deus, pela misericórdia do Senhor (I Pe. 2.10). Nas palavras áureas de Jo. 3.16, “Deus amou o mundo de maneira tal que deu Seu único Filho”. O amor – agape – de Deus é sacrificial, tal como Oséias, Ele não olhou para a condição deplorável do pecador (Rm. 5.8). Mas ao invés de reconhecer esse incomensurável amor, as pessoas, inclusive alguns da igreja, se distanciam do Senhor (Rm. 1.18-23). Eles negam a revelação que o próprio Deus deu de Si mesmo, e quando conhecem tal revelação, agem de modo contrário. Mas nestes dias, nos quais se dá muita ênfase à doutrina do amor de Deus, não podemos deixar de atentar para a Sua ira. Não esqueçamos que todas as coisas estão patentes aos olhos de Deus, e que deveremos prestar contas a Ele (Hb. 4.13). A misericórdia de Deus está disponível, mas os pecadores precisam demonstrar verdadeiro arrependimento (Lc. 18.13), O Senhor não admite um relacionamento morno, que nem é quente nem frio (Ap. 3.16). Diante da mensagem profética, devemos reconhecer que somos pecadores (I Jo. 1.8,9), e confessarmos a Cristo, a fim de obtermos perdão (I Jo. 2.1). Como nos antigos tempos, as iniquidades continuam separando as pessoas de Deus, colocando empecilhos para um relacionamento genuíno com Ele (Is. 59.2). Coloquemos, pois, diante da Palavra de Deus, ela continua afiada, penetrando na divisão da alma e do espírito, julgando os pensamentos e as atitudes do coração (Hb. 4.12).

CONCLUSÃO
Muitas igrejas já não sabem mais o que é relacionarem-se com Deus, conformaram-se totalmente com o mundo (Rm. 12.1,2). O ativismo, em algumas delas, serve apenas para ocultar a ausência de uma verdadeira intimidade com o Senhor. Tais igrejas precisam reaprender o caminho, e, ao invés de confiarem na autossuficiência, permanecerem em Cristo (Jo. 15.4-5). Essas igrejas, e os crentes individualmente, devem aprender o que realmente significa chamar a Deus de Pai (Mt. 6.9), amá-LO de todo coração e entendimento (Mt. 22.37; Mc. 12.30), a fim de que possam ter a fragrância de Cristo (II Co. 2.14,15) e produzirem frutos (Jo. 15.5,16).

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
HUBBARD, D. A. Oséias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1989.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Lição 01




A ATUALIDADE DOS PROFETAS MENORES
Texto Áureo: Rm. 12..26 – Leitura Bíblica: II Pe. 1.16-21

Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

INTRODUÇÃO
Quase um quarto da Bíblia é composta de livro proféticos, mas, paradoxalmente, pouca atenção tem sido dispensada a esses livros. A mensagem dos profetas, ainda hoje, são impopulares, por isso são evitadas nos púlpitos de algumas igrejas. Ao longo deste trimestre estudaremos os profetas menores, destacando sua atualidade para igreja contemporânea. Na aula de hoje destacaremos o caráter da mensagem profética e apresentaremos os doze profetas menores que serão estudados nas próximas lições.

1. A MOTIVAÇÃO PARA ESTUDAR OS PROFETAS
Alguns estudiosos fazem objeção ao estudo dos profetas porque, para eles, como estamos na Nova Aliança (Rm. 15.4), essa seria uma mensagem desnecessária. Para os crentes poucos afeitos ao estudo da Escritura, por isso não frequentam a Escola Dominical e muito menos os cultos de ensino, não é preciso conhecer essa mensagem para ir ao céu. Esses, muitos outros pouco afeitos ao estudo, acham que é perder tempo demais com uma mensagem desinteressante. Mas tantos os estudiosos que enfocam apenas o Novo Testamento, quanto àqueles que têm preguiça de estudar a Palavra, estão equivocados, pois deixar de ler a mensagem profética, e a Bíblia como um todo, é um desrespeito à inspiração – theopneustia em grego – da Escritura, que é útil – em todas as épocas – para a instrução e santificação daqueles que dizem seguir a Cristo (II Tm. 3.16; II Pe. 1.19-21). O Antigo Testamento, e nele os livros proféticos, era a Bíblia que Jesus lia, esse era o texto que os apóstolos citavam quando faziam alusão à mensagem profética, por esse motivo não podem ser dispensados pela igreja cristã. Mateus cita os profetas 67 vezes, como em Mt. 1.23; 2.6, isso mostra que essa parte da Bíblia é importante. Os primeiros sermões apostólicos eram fundamentados nas Escrituras (At. 2.17-34; 3. 22-25; 7). O livro de Romanos contem 60 citações ao Antigo Testamento, como Rm. 1.16,17, em referência a Hc. 2.4. A Epístola aos Hebreus contém 59 citações do Antigo Testemanto, exemplos Hb. 5.10,11; 9.5).

2. A INSTITUIÇÃO PROFÉTICA NO ANTIGO TESTAMENTO
Os profetas foram instituídos pelo próprio Deus, em Dt. 18.9-22 nos deparamos com a orientação divina em relação à mensagem profética. O povo de Israel recebeu do Senhor a Lei (Torah) e essa deveria servir de instrução para a nação. Mas diante das superstições do povo, ao se deixar influenciar pelas nações vizinhas, a mensagem dos profetas seria importante, a fim de conduzir a nação aos caminhos do Senhor. O profeta do Antigo Testamento era um porta voz de Deus – nabbi em hebraico – ele não apenas predizia o futuro, mas, principalmente, alertava o povo em relação aos pecados. Os profetas recebiam as mensagens do Senhor de formas variadas, às vezes, através de sonhos e visões. Outra palavra para profeta no Antigo Testamento é roeh, e sendo traduzida comumente por vidente. As palavras nabbi e roeh se distinguem no que tange à relação entre o profeta e Deus (roeh) e entre o profeta e o povo (habbi). Mas os profetas não falavam de si mesmos, eles anunciavam sob a inspiração divina, nisto repousa a autoridade da mensagem proferida por eles. Eles diziam: “assim diz o Senhor”, e não “assim digo eu”, atestando, assim, a confiabilidade da Palavra revelada.

3. CONTEXTUALIZANDO OS DOZE PROFETAS MENORES
O título atribuído a esses profetas com “menores” não tem a ver com a pouca relevância que por acaso alguém possa atribuir a esses textos. A palavra “menores” vem dos latinos que comparavam o tamanho dos livros com a dos outros profetas, considerados “maiores”, em virtude da extensão dos livros. Os pais da Igreja, dentre eles Agostinho de Hipona (345-430), se referiam aos livros desses profetas como “os doze”. Para compreendermos melhor a mensagem desses doze profetas é preciso contextualizá-los na história de Israel. Para tanto, faz-se necessário ressaltar que alguns deles profetizaram para o Reino do Norte outro para o Sul, alguns deles antes do cativeiro e outros depois do cativeiro. Obadias, Joel e Jonas foram profetas do século nono antes de Cristo, no período do governo assírio. Oséias, Amós e Miquéias foram profetas do século oitavo antes de Cristo, ainda no período do governo assírio. Sofonias, Naum e Habacuque foram profetas do século sétimo antes de Cristo, o período do governo caldeu. Ageu, Zacarias e Malaquias são profetas pós-exílicos, isto é, do período posterior ao retorno do povo de Judá do cativeiro babilônico. Esses profetas foram guiados pelo Espírito Santo para revelarem a mensagem de Deus, eles se reconheciam como tais, eram arautos do Senhor (Ag. 1.3; Am. 3.7; Mq. 3.8). A palavra profética é atual porque trata a respeito de temas que vão além do contexto daquela época, eles chamaram o povo para um relacionamento fiel com Deus (Oséias), para o derramamento do Espírito Santo (Joel), para a justiça social (Amós), a necessidade da retribuição (Obadias), o valor da misericórdia divina (Jonas), a importância da obediência (Miquéias), o limite da tolerância divina (Naum), a soberania de Deus (Habacuque), o juízo vindouro (Sofonias), o compromisso do povo da aliança (Ageu), o reinado messiânico (Zacarias) e a sacralidade da família (Malaquias).

CONCLUSÃO
A mensagem geral dos profetas menores pode ser resumida a partir da declaração de Mq. 6.8. E essa palavra se aplica perfeitamente à Igreja dos dias atuais, ao longo dos próximos estudos, veremos, através das exortações dos arautos de Deus, que o Senhor deseja que promovamos a justiça, que sejamos fieis a Deus, e, sobretudo, que vivamos em obediência.

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
IRONSIDE, H. A. The minor prophets. Grand Rapids: Kregel, 2004.

Nota de Falecimento: Partiu para o Senhor o pastor Anselmo Silvestre


Pioneiro da AD estava há mais de 60 anos à frente da AD MG


Foi recolhido pelo Senhor, na noite deste domingo, 30 de setembro, o patriarca e pioneiro das Assembleias de Deus no Brasil, pastor Anselmo Silvestre. Aos 96 anos, pastor Anselmo estava como presidente de Honra da AD em Belo Horizonte (MG) e presidente da COMADEMG - Convenção dos Ministros das ADs em Minas Gerais.

Quem foi Pastor Anselmo Silvestre
Pastor Anselmo Silvestre tem sua história de vida e ministério entrelaçada com a história da Assembleia de Deus mineira. Em seus primeiros 30 anos de existência, a igreja mineira foi presidida pelos pastores Clímaco Bueno Asa, colombiano; Nils Kastberg, sueco, e pelo pastor Algot Svenson, também sueco.
Com a morte do Missionário Algot Svenson na Suécia em 1958, os obreiros nacionais já existentes na Igreja indicaram para sucedê-lo o seu auxiliar, Anselmo Silvestre, que com a aprovação da Igreja, assumiu a direção do Ministério. Desde então, o Pastor Anselmo Silvestre tem presidido a Igreja que, em 1979, sofreu nova mudança de denominação, passando a ser chamada Assembleia de Deus.
Nesses mais de 50 anos à frente da Assembleia de Deus, o Pr. Anselmo Silvestre empreendeu estratégias de crescimento da igreja,  descentralizando o trabalho, com a aquisição de imóveis tanto na capital como no interior do estado, e a construção de templos para a realização de cultos. Muitas frentes de evangelização foram realizadas, com cruzadas evangelísticas, concentrações e outros eventos que difundiram o Evangelho, fazendo da Assembléia de Deus uma das maiores Igrejas no Estado.
Na área administrativa, o Pastor Anselmo Silvestre remodelou a Igreja, criando departamentos e comissões, a fim de dar suporte ao desenvolvimento das atribuições eclesiásticas. Sob a direção de Deus e com a graça do Espírito Santo, a igreja experimentou vertiginoso crescimento em todas as suas frentes de atuação, tornando-se numa das maiores de todo o país.
Em dezembro de 2009, passou a presidência da igreja ao seu neto, Pastor Moisés Silvestre Leal, permanecendo como Presidente de Honra do Ministério e Presidente da Convenção Mineira, a COMADEMG.
Em breve postaremos aqui informações sobre velório e sepultamento do grande líder Assembleiano.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Salvador é quarta cidade do País em número de evangélicos
Salvador é quarta cidade do País em número de evangélicos

Salvador é quarta cidade do País em número de evangélicos

Salvador  conta atualmente  com uma população de cerca de 524 mil evangélicos, o que confere à capital baiana o quarto lugar na lista das cidades com mais adeptos deste movimento religioso que engloba 26 denominações, segundo o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Bahia, cerca de 2,4 milhões de pessoas declararam-se evangélicas, aponta a pesquisa.
Assim como a capital, o Estado é o quarto maior do País em números de evangélicos, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Brasil, este número acresceu de 15,41% para 22,16%.
Segundo o IBGE, a categoria que registrou maior crescimento do número de seguidores na Bahia foi a Igreja Batista,  que  em 2000  contava com 2,85% da população. Hoje, este número cresceu para 3,3%. Em contrapartida, a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) apresentou decréscimo no número de adeptos no Estado, passando de 1,06% para 1,03%.
Acolhimento
O pastor da Igreja Batista Nazareth, Djalma Torres, considera pequeno o crescimento da população que se declara batista e afirma que o acréscimo se deu por conta do maior reconhecimento da instituição dentre as igrejas pentecostais. Para o religioso, os fiéis têm recebido melhor acolhimento nos templos batistas, que seguem uma linha tradicional.
“Os batistas brasileiros são sérios, não são intolerantes, embora não sejam ecumênicos, e fogem dos extremos: não são tão tradicionais como a Igreja Católica  nem prezam pela valorização do dinheiro e do poder, como é visto na Igreja Universal do Reino de Deus”,  afirmou.
Torres acrescenta que há  atualmente um grande trânsito de fiéis nas diversas vertentes evangélicas. O fenômeno, de acordo com Torres, revela uma insegurança por parte da população, que busca, na maioria das vezes, um local onde seus pedidos e interesses sejam atendidos com maior rapidez.
“É comum observar pessoas  que começam frequentando uma igreja e, depois, passam para outra porque não ficaram satisfeitas. Essa é  uma característica marcante do mundo de hoje, que é muito instável e segue o viés da sociedade capitalista”, completou o pastor.
Ele acrescenta   que este fenômeno de trânsito entre as igrejas não entusiasma os estudiosos da área, pois, segundo acredita, tem causado uma banalização das religiões evangélicas pentecostais.
“Falta um sentimento de cuidado e acolhida por parte dessas igrejas para com o ser humano. Muitas delas buscam apenas o enriquecimento, o poder, e isso está distante dos fundamentos das igrejas pentecostais, que deveriam prezar pela simplicidade”, criticou Torres.
A equipe de reportagem de A TARDE tentou contato com representantes da Igreja Universal do Reino de Deus  mas, até o horário de fechamento desta edição, não  obteve resposta.
Informações: A Tarde

A reprodução do conteúdo deste site é permitida e incentivada, desde que citada e linkada a fonte.: www.amigodecristo.com

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Lição 13

A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DO CRENTE
Texto Áureo: Mt. 6.6 – Leitura Bíblica: Mc. 1.35-45

Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
 

INTRODUÇÃO
Existem pessoas que se tornam evangélicas por vários motivos: financeiros, políticos, entre outros. Os discípulos perguntaram a Jesus o que eles receberiam por terem deixado tudo para segui-LO (Mt. 19.27). Paulo atestou que muitos seguem a Cristo por razões diversas (Fp. 1.17,18). Na lição de hoje estudaremos a esse respeito, mostraremos que nem todas as motivações do crente, em relação ao seguir a Cristo, são verdadeiras.

1. MOTIVAÇÕES E MOTIVAÇÕES
A palavra motivação, no dicionário, é definida como uma força interna que faz com que as pessoas tomem determinadas decisões e atitudes. As motivações são as mais diversas, e elas, na maioria das vezes, variam de pessoa para pessoa. Existem motivações individuais e coletivas, que persistem e outras que se modificam ao longo do percurso. A motivação sempre tem a ver com objetivos, isto é, com o interesse aonde determinada pessoa ou grupo pretende chegar. Algumas motivações são inatas, como a de conseguir alimento para satisfazer a fome. Mas a maioria delas é adquirida, depende da cultura, e do que as pessoas privilegiam como necessidade. Alguns estudiosos distinguem quatro tipos básicos de necessidades: psicológicas (comer e se vestir), segurança (ordem, estabilidade, rotina), social (amor, afeição, pertencimento), estima (prestígio, independência, status) e autorrealização (emprego e sucesso). Essas motivações são categorizadas a partir de uma perspectiva sociológica, que leva em consideração a relação necessidade e consumo. Mas na perspectiva cristã, existem outras motivações, dentre elas: fé, esperança e amor (I Co. 13. 13; I Ts. 1.3). Os profissionais que atuam na área de marketing são especialistas em identificar as motivações das pessoas. Outra especialidade da propaganda é a de construir necessidades. O consumismo – que não pode ser confundido com consumo - se alimenta da criação de necessidades e motivações.  O cristianismo pode, em alguns contextos, ser comparado a uma mercadoria. Há pessoas que o compram de acordo com suas conveniências, a esse respeito Paulo chamou a atenção do jovem pastor Timóteo e da igreja que este liderava (II Tm. 4.1-4).

2. AS FALSAS MOTIVAÇÕES DO CRENTE
O crescimento do movimento evangélico no Brasil tem favorecido a existência de uma geração de crentes cujas motivações nada têm de bíblicas. Algumas dessas pessoas estão aderindo às igrejas pelos motivos mais diversos e descabidos. A adoção de um modelo evangélico mercantilista, pautado na prosperidade financeira, está atraindo pessoas para as igrejas com interesses meramente monetários. Não são poucas as pessoas que se achegam às igrejas perguntando: o que eu vou ganhar com isso? Os discursos propagados por algumas igrejas televisivas mostram essa realidade. Os adeptos dessa teologia deturpada testemunham da fortuna que fizeram ao adquirir o “produto” de determinada igreja. Há “artistas”, que na verdade nada entendem de arte, que vem para a igreja depois do fracasso na mídia. Como não conseguem mais se projetar na mídia, inventam que são crentes para venderem seus cds gospel entre os evangélicos. As músicas por eles compostas são de péssima qualidade, não passam de vãs repetições, não têm qualquer respaldo bíblico. O culto às celebridades instantâneas e temporárias, decorrentes dos realities shows, também alcançou as igrejas evangélicas. Houve um tempo em que as pessoas eram respeitadas pelo conhecimento bíblico que tinham, e pela vida que testemunhavam. A exposição da Bíblia está sendo substituída, em alguns púlpitos, pelos tristemunhos desses “artistas”. Em entrevista a um canal de televisão, uma modelo (não sei para quem) afirmou que frequentava a igreja porque saia daquele lugar com “alto astral”. As motivações dessas pessoas, ao aderiram a essas igrejas, são meramente utilitaristas. Os “pastores” estão alimentando esse ciclo na medida em que propagam um evangelho que não e o de Jesus Cristo (Gl. 1.9).

3. AS VERDADEIRAS MOTIVAÇÕES DO CRENTE
As motivações verdadeiras do crente são respaldadas pela Palavra de Deus, isso porque é Deus, e não o homem, que diz o que realmente necessitamos. A primeira necessidade do ser humano é a de um Salvador. O salário do pecado é a morte, a condenação eterna (Rm. 6.23), e como todos pecaram (Rm. 3.23), a salvação torna-se uma necessidade prioritária. Deus enviou Seu Filho Jesus Cristo para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16). Essa é uma mensagem simples, mas que está sendo esquecida em muitas igrejas evangélicas. O novo nascimento e a santificação tornaram-se doutrinas impopulares, por isso, não são mais ensinadas, é mais vantajoso – principalmente do ponto de vista financeiro - instigar à prosperidade. Mas isso tudo é vaidade, é aflição de espírito, ou como verte uma tradução de Ec. 2.17, é “correr atrás do vento”. A principal motivação do crente deve ser dar glória a Deus, viver para Ele, pois para isso fomos criados (Is. 47.12; I Co. 10.31; Ef. 1.12). A teologia predominante no contexto evangélico brasileiro é antropocêntrica, isto é, coloca o ser humano no centro, ao invés de Deus. O crente não foi chamado para a fama, mas para a simplicidade (Mt. 10.16), a ostentação não é cristã, no evangelho de Cristo não há lugar para soberba (Jo. 13.34,35). O próprio Cristo veio para servir, não para ser servido (Mc. 10.42-45), quem quiser ser o primeiro no Reino de Deus que seja o último (Mt. 20.27). O Reino de Deus está acontecendo, neste exato momento, longe dos holofotes da mídia. Pastores e crentes estão labutando para Deus no anonimato. O discurso do sucesso tem atingido muitos crentes, resultando em uma geração de decepcionados, em virtude das irrealizações. O próprio pastorado, excelente quando levado a sério, não ficou para todos (I Tm. 3.1-7), e alguns crentes, por não conseguirem chegar a essa posição eclesiástica, também se frustram.

CONCLUSÃO
A verdadeira motivação do crente deve ser sempre a de estar com Cristo, a de permanecer nEle, independentemente das circunstâncias, para dar frutos (Jo. 15.1-8). E justamente crescer em santidade, desenvolvendo o fruto do Espírito, deveria ser a meta de todo cristão genuíno (Gl. 5.22). Cristo não prometeu riqueza, fama e poder no presente século. Por isso, a motivação verdadeira do crente deve ser a de continuar no centro da vontade de Deus (Rm. 12.1,2).

BIBLIOGRAFIA
CABRAL, E. A síndrome do canto do galo. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
GONCALVES, J. A prosperidade à luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lição 12--AS DORES DO ABANDONO

AS DORES DO ABANDONO
Texto Áureo: Sl. 68.6 – Leitura Bíblica: II Tm. 4.9-18

Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

INTRODUÇÃO
As pessoas estão cada vez mais centradas em si mesmas, ninguém tem mais tempo para o outro. Por esse motivo, não são poucas as pessoas que estão sendo abandonadas, inclusive dentro da igreja. Na lição de hoje trataremos a respeito desse problema, mostraremos, a princípio, que essa é realidade constatada na Bíblia. Em seguida, que o abandono pode resultar em solidão. Ao final, apresentaremos encaminhamentos bíblicos para enfrentar a solidão e o abandono.

1. ABANDONO, UMA REALIDADE BÍBLICA
Em II Tm. 4.9-18, Paulo, o Apóstolo dos Gentios, relata sua situação de abandono, ou conforme uma tradução bíblica, de desamparo. O verbo em grego é egkataleipo que significa “ser deixado para trás” ou “ser desertado”. O Apóstolo estava preso, provavelmente em sua última prisão em Roma, por volta do ano 60 d. C. Essas eram suas palavras finais antes de ser executado por Nero, o sanguinário imperador que mandou incendiar a cidade de Roma. A expressão “ninguém me assistiu”, no versículo 16, é um destaque da condição na qual Paulo se encontrava. Mesmo assim, ele não se desesperou, pois entrou um “mas” na história. Ele diz, no versículo 17: “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem e fiquei livre da boca do leão”. Uma tradução literal diria “o Senhor ficou do meu lado”. Mas o caso de Paulo não é único de abandono na Bíblia, desde o Antigo Testamento, o povo de Israel passou por essa realidade. O Senhor sempre prometeu permanecer do lado do Seu povo, mesmo quando este fosse desamparado, azab em hebraico (Gn. 28.15; Dt. 31.6,8). O próprio Jesus passou pala situação de abandono, alguns dos seus ouvintes acharam suas palavras demasiadamente duras (Jo. 6.60). Os discípulos, nos momentos angustiantes que antecederam Sua prisão, O deixaram sozinho (Mt. 26.46,47). Posteriormente, depois da Sua prisão, seus discípulos se distanciaram dEle, Pedro negou que O conhecia (Mt 26.31, 70-72). Na cruz Jesus se sentiu abandonado pelo Pai, citando o Sl. 22.1, Ele clamou em oração: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt. 27.46).

2. O ABANDONO PODE RESULTAR EM SOLIDÃO
Desde o princípio, Deus criou o homem para ter companhia, Ele mesmo atestou que não era bom viver só (Gn. 2.18). Adão estava com Deus, mas precisava de outro ser humano para conviver. Diante dessa necessidade, Deus criou Eva e ordenou que se multiplicassem. Depois da Queda Adão e Eva deixaram de desfrutar da comunhão com o Criador, e entre eles mesmos. O abandono e a solidão têm causas diversas, dentre elas destacamos: 1) sociais – a tecnologia está fazendo com que as pessoas fiquem cada vez mais solitárias e abandonem umas as outras. No trabalho cada um fica no seu espaço reservado, os membros das famílias não têm mais tempo para ficarem juntos; 2) urbanização – na medida em que as pessoas se transferiram para as cidades, foram fechando-se dentro de suas casas, mais recentemente nos apartamentos, vizinhos que mal se conhecem; 3) televisão e internet – está tomando o tempo das pessoas ficarem juntas para conversarem, elas ficam horas à fio diante da tela; 4) baixa autoestima – as pessoas que têm um pensamento negativo a respeito delas mesmas tendem ao isolamento, elas se abandonam antes de serem abandonadas; e 5) medo – por causa das muros, ao invés de pontes, construídas pela sociedade moderna, cultivamos a cultura do medo de nos aproximar do outro. O abandono, juntamente com a solidão, pode causar males às vidas das pessoas. Algumas delas podem desenvolver depressão por causa do isolamento a que são submetidas. O exibicionismo exagerado nas redes sociais – facebook e twitter, por exemplo – pode ser um sinal de solidão. Mas é preciso ter cuidado para não se expor demasiadamente, pois as consequências podem ser desastrosas. Isso porque nem todas as pessoas que estão na rede são compreensivas com aqueles que passam por situações de abandono.

3. COMO ENFRENTAR O ABANDONO
Nem sempre o abandono é uma realidade, na verdade, conforme já destacamos anteriormente, pode ser uma consequência do autoisolamento. Por isso, é recomendável que a pessoa que se sente abandonada, antes de qualquer coisa, não se abandone. O primeiro passo é reconhecer que Deus é Aquele que está sempre pronto a estar ao nosso lado (Is. 42.16). Há casos em que o abandono aconteceu em algum momento da infância e acompanha a pessoa durante a idade adulta. Em tais situações, a saída é orar pedindo a Deus que traga à memória tais aflições (Lm. 3.19), em seguida, entrega-las a Deus em oração. O Salmo 139.1-18 é um modelo de oração que expressa a presença de Deus, mesmo nas situações adversas, quando o sentimento de abandono assola o cristão. Ao invés de se queixar, aprendamos com Paulo a entregar aqueles que nos abandonam a Deus (II Tm. 4.14), e o principal, escolher perdoá-los (Cl. 3.13). A igreja deve ser um ambiente propício à cura do abandono e da solidão, mas infelizmente, como esta também foi contaminada pelo isolacionismo moderno, seus membros não encontram tempo para encorajar uns aos outros (Hb. 3.13). A igreja precisa estar atenta às pessoas doentes, viciadas, solteiras, idosas e desempregadas. Em uma sociedade utilitária, que se preocupa com as pessoas apenas pelo que elas podem fazer, a igreja é tentada a esquecer dessas pessoas. É preciso criar espaços de integração na igreja local, evitar a criação das “panelinhas”. A liderança deve investir em momentos de comunhão, não apenas para o culto, mas para estarem juntas.

CONCLUSÃO
O Deus da Bíblia é de comunhão, por sua própria natureza, é trinitário: Pai, Filho e Espírito Santo. Ele tem interesse que as pessoas vivam umas com as outras, por isso criou a família. A igreja é uma extensão dessa realidade, não por acaso os que se congregam são chamados de irmãos e irmãs. Mas é preciso cultivar relacionamentos na igreja, caso contrário ela perde a razão de ser. Portanto, como diz o autor da Epístola aos Hebreus, no sentido relacional, que deve ser peculiar da ekklesia: “não deixando de congregar como é costume de alguns” (Hb. 10.25).

BIBLIOGRAFIA
LUCADO, M. Você não está sozinho. São Paulo: Thomas Nelson, 2012.
REAL, P. Relacionamentos na igreja. São Paulo: Vida, 2003.