Calma, calma. Antes que você ache que eu aderi a essa "igreja" neopentecostal e agora faço campanhas do óleo santo de Israel ou que frequento "cultos de milagres", deixe-me explicar. Continuo tão ortodoxo, radical, dogmático e fundamentalista como antes - e, que me perdoem os moderninhos, mas não, esses termos para mim não são palavrões, não me ofendem nem um pouco. Pelo contrário, explicam conceitos teológicos claríssimos e nada antiquados ou ultrapassados que me orgulho de ter em meu cardápio teológico. Ou seja, Ortodoxo: continuo crendo na ortodoxia bíblica; Radical: continuo tendo minhas raízes bem fincadas no terreno sólido da Palavra de Deus; Dogmático: continuo me guiando por dogmas bíblicos como Jesus sendo amor, a existência da Trindade e a pecaminosidade do homem; e Fundamentalista: continuo tendo meus fundamentos cravados na Rocha inabalável que é Jesus de Nazaré. Mas, esta semana, num dos meus momentos de leitura bíblica, percebi que parte da humanidade foi feita de fato para parar de sofrer. Não agora. Não ainda. Mas sim, podemos prometer "pare de sofrer" a todo aquele a quem convidamos mediante a proclamação do Evangelho para uma vida em Jesus. Mas atenção, muita atenção: é uma promessa com hora marcada. Na verdade, deixe-me fazer uma correção. A humanidade não foi feita para parar de sofrer, foi feita para não sofrer. Adão e Eva desconheciam o sofrimento. Vem o pecado e com ele a dor e suas variações. Herdamos isso. Vivemos isso. Como consequência, somos obrigados a ralar no trabalho, sentimos dores no parto e colhemos espinhos e abrolhos. Ou seja: vamos sofrer. É a vida que nossos antepassados nos legaram, alea jacta est. É quando chega um pregador da Teologia da Prosperidade e diz que esse sofrimento que injetamos em nosso DNA espiritual pode ser anulado em vida. Só que não, lamento informar, não pode. Mas pode ser anulado na morte. Em Apocalipse 7, a partir do versículo 14, a Bíblia promete o fim do sofrimento para "os que vêm da grande tribulação": "Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos Ainda no livro de Apocalipse, no capítulo 21, versículos 3 e 4, vemos que o "pare de sofrer" é explícito: "Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram". Parafraseando: "Vamos parar de sofrer quando as primeiras coisas passarem". Quando leio essa passagem, tudo o que desejo é me lançar com o rosto no pó e repetir no minimo umas cem mil vezes "obrigado, Senhor". Se nós, cristãos, refletíssemos com um pouco mais de profundidade acerca do que as Escrituras dizem, nossa segurança ante as agruras da vida seria multiplicada à enésima potência. O resultado prático da aquisição dessa consciência seria uma Igreja muito menos murmuradora, muito menos lamurienta e que carregaria em si a mesma certeza que os mártires da Igreja primitiva carregavam e que os fazia serem trucidados por feras selvagens ou sofrerem as piores torturas sem gemer: já já vamos parar de sofrer. Um passo após a morte e pronto: toda dor sumirá. Todo choro cessará. Toda aflição se extinguirá. Pare de sofrer. Essa promessa me remete a imagens de alegria e gozo. Que é exatamemte o que Ap 19.7 aponta: "Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro". Ah, que casamento glorioso e indolor será esse! Aleijados, cegos, deprimidos, pobres, cancerosos, pacientes de hemodiálise, fibromiálgicos, aidéticos, torturados, assassinados, abusados sexualmente Sim, paradoxalmente essa é a mesma esperança do joio e do crente em Jesus: parar de sofrer. Só que o joio acredita nas falsas promessas de que o "pare de sofrer" aplica-se ao aqui e agora. Já o verdadeiro cristão sabe que nesta vida que é pura canseira e enfado (Sl 90.10) o que nos espera são dores, aflições e sofrimento, pontuados por momentos felizes. E que o "pare de sofrer" virá. Mas virá somente quando dermos aquele tão misterioso passo além do glorioso momento em que nossos olhos humanos se fecharem para sempre. Paz a todos vocês que estão em Cristo. |
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
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