quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vasos de Honra

 

 

 


A bíblia nos compara aos vasos de barro preparados pelo oleiro por meio de um processo transformador que vai além da aparência, afetando o caráter e o modo de vida (Jr.18.6). Tal é o resultado da ação de Deus em nós, que começa até mesmo antes da conversão (At.9.15). 
Depois de moldado, o vaso não se destina à ornamentação da casa do Senhor. Para ser útil, ele precisa estar limpo e sempre envolvido com três experiências: receber, encher-se e servir.

RECEBER

         A mentalidade das pessoas está tão voltada para o materialismo, que o verbo “receber” tem sido relacionado quase sempre ao dinheiro. Se alguém diz:“Eu recebo no dia 10”, ninguém tem dúvida de qual seja o objeto oculto na frase. Contudo, precisamos ver além dos limites financeiros da nossa vida. Ainda que tenhamos todo o dinheiro do mundo, ele não substitui os valores mais importantes da nossa existência.
         O vaso na casa de Deus precisa receber, encher-se e servir. Precisa receber porque não pode ser a origem do seu próprio conteúdo. O que temos não vem de nós mesmos (IICor.2.5). Disse o apóstolo Paulo: “Eu recebi do Senhor o que também vos entreguei” (I Co.11.23).
         Não podemos inventar doutrinas. Não podemos simular espiritualidade nem tentar imitar a performance ministerial de outros homens de Deus. Seria como fogo estranho sobre o altar (Lv.10.1).
         Não sejamos falsos profetas, que nada receberam, mas estão profetizando. Precisamos receber de Deus e não de qualquer fonte. Cuidado com o conselho dos ímpios (Salmo 1) e com as ofertas tentadoras que nos cercam (Mt.4.1-11). Precisamos receber o quê? Apenas bênçãos materiais? Só coisas que atendem aos nossos desejos pessoais? Não. Não podemos transformar o evangelho em um conjunto de técnicas a serviço do ego. Deus pode nos dar coisas, e ele nos tem dado, mas não percamos de vista aquilo que é o mais importante.

Todo ser humano precisa (se ainda não o fez):

  • Receber o Senhor Jesus Cristo como Salvador. 

“Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome” (João 1.11-12).
         Receber Jesus como Salvador é um ato de fé, confirmado por uma manifestação pública. É acreditar, decidir e manifestar essa decisão por meio de uma oração e, se possível, confissão verbal.
“Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm.10.9-10).
  • Receber o Espírito Santo e ser por ele batizado. 

“E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20.22).
         Aquele fato não poderia ter acontecido antes da morte e ressurreição do Mestre. Para os cristãos da atualidade, entretanto, não é necessário um intervalo entre a conversão e o recebimento do Espírito. Paulo disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”(Rm.8.9). Logo, todo convertido recebeu o Espírito Santo quando aceitou Jesus como salvador. O batismo com o Espírito, porém, é outra experiência, também conhecida como “revestimento de poder” (Lc.24.49).
         Os apóstolos receberam o Espírito Santo quando Jesus assoprou sobre eles, mas o batismo só aconteceu no dia de Pentecoste (Atos 2).

  • Receber a Palavra de Deus.


“Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas” (Tg.1.21).
         O vaso não pode conter tudo ao mesmo tempo. Se a palavra entra, a imundícia tem que sair, mas isso depende também da vontade de cada um.
         Geralmente, começamos a receber a palavra antes de aceitar o Senhor Jesus. Afinal, este é o modo padrão de se obter conhecimento sobre nossas necessidades espirituais. Depois de convertidos, precisamos ainda mais da palavra a cada dia.
         O Senhor nos deu a bíblia, mas muitos cristãos não a lêem. Isso nos faz lembrar o que Deus disse a respeito de Israel por meio do profeta Oséias:
“Escrevi-lhes as grandezas da minha lei, mas isso é para eles como coisa estranha” (Os.8.12).
         Não podemos desprezar a palavra de Deus, pois ela é o alimento para as nossas almas. Abster-se da alimentação é uma ótima atitude para quem quer adoecer e morrer.
         É preciso tomar cuidado com o que aprendemos da filosofia, sociologia, antropologia, psicologia e outras áreas do conhecimento humano. Podemos examinar e utilizar tudo isso, mas a nossa mensagem deve ser bíblica em sua essência e propósito. Tal deve ser também nosso modo de pensar e viver.
        Todo aquele que se considera um vaso nas mãos de Deus precisa receber o que Deus quer lhe dar. Isso implica em uma atitude de humildade, reconhecendo nossa necessidade espiritual. Nenhum de nós pode se considerar sabedor de todas as coisas, como se fosse auto-suficiente. Tais atributos pertencem exclusivamente a Deus.
         O vaso de honra precisa colocar-se diante de Deus em atitude receptiva, sem tampa, sem bloqueios, assim como um copo é colocado sob a torneira aberta para receber água limpa.
         Para que recebamos algo de Deus, precisamos nos colocar aos seus pés, como fez Maria, irmã de Lázaro (Lc.10.39). Isso requer tempo dedicado ao Senhor. Essa atitude deve ser constante para que sejamos renovados em sua presença.

ENCHER-SE

         O vaso precisa se encher de todo o precioso conteúdo determinado pelo Senhor. Precisamos que Deus ocupe todos os espaços da nossa vida. Assim, não seremos vazios nem cheios de coisas ruins.
“Não vos embriagueis com vinho, no qual há contenda, mas enchei-vos do Espírito Santo” (Ef.5.18).
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Col.3.16).
         Um pouquinho do Espírito ou da Palavra não basta. Ler um versículo bíblico não basta. Deus tem mais. Não podemos ser econômicos na utilização dos recursos espirituais disponíveis.
         Essa plenitude é resultado da dedicação já mencionada. Quanto mais nos dedicarmos ao Senhor, em oração, leitura bíblica, adoração e santidade, maior será a manifestação de sua glória em nós. Tal foi a experiência de Moisés. Depois de ter ficado 40 dias na presença de Deus no monte Sinai, seu rosto brilhava, refletindo a glória do Senhor (Ex.34.29).
“Unges a minha cabeça com óleo e o meu cálice transborda” (Salmo 23.5).
Com dedicação ao Senhor, nossa necessidade espiritual será suprida. Nosso vaso será cheio e transbordará. Muitos querem abundância de recursos materiais. Tudo bem, isto é possível e pode ser bênção, mas esta não é a prioridade do Senhor Jesus nem do evangelho.

SERVIR

         O vaso não pode apenas receber e guardar. Ele precisa, no tempo certo, fornecer o seu conteúdo para suprir as necessidades alheias. Caso contrário, haverá perda daquilo que lhe foi confiado.
         Precisamos transmitir, compartilhar, o que Deus nos deu. Não podemos ser dominados pelo egoísmo dizendo: “Se Deus me deu, é meu!” Não. Fomos chamados para servir. Compartilhe a palavra, a unção e outras bênçãos do Senhor.
         O vaso que compartilha, terá sua medida completada novamente. Habilite-se a receber mais.“Dai e ser-vos-á dado” (Lc.6.38).
         Sejamos como aquelas talhas das bodas de Caná, que foram cheias de água e colocadas à disposição de Jesus. Pelo poder de Deus, a água foi transformada em vinho, que foi servido para que a festa continuasse.
         Quando nos colocamos nas mãos do Mestre, prontos para sermos usados, seremos instrumentos dos seus milagres para que muitas vidas sejam alcançadas para o reino de Deus.

Autor: Prof. Anísio Renato de Andrade

Fonte:Diário Gospel.com