sábado, 8 de outubro de 2011

Você é quente, frio ou morno?


No mundo, as pessoas são geralmente classificadas de acordo com a sua condição socioeconômica: alta, baixa, média-baixa, média-alta. Esse critério não revela o real valor de cada indivíduo. Deus prioriza o aspecto espiritual e apresenta, em sua Palavra, outras maneiras de classificar as pessoas.

Grosso modo, há duas grandes categorias de pessoas: (a) as que estão dentro e (b) as que estão fora (Mc 4.11). Ou seja, os salvos em Cristo Jesus e os perdidos (Mt 7.13,14). Mas a Palavra de Deus também mostra que cada pessoa faz parte de uma das três categorias a seguir: (a) o homem natural, (b) o homem espiritual e (3) o homem carnal (1 Co 2.14-16; 3.3).

Analogamente, também podemos chamar essas três classes de (a) frio, (b) quente e (c) morno, tomando como base o que o Senhor Jesus asseverou em Apocalipse 3.15,16.


O homem natural ou frio. É a pessoa que vive sob uma perspectiva meramente natural. Ela não experimentou a sobrenaturalidade do Evangelho (Rm 1.16), em razão de ainda não ter conhecido Jesus Cristo como Senhor e Salvador. O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus (1 Co 2.14), pois vive ainda nos “tempos da ignorância” (At 17.30).


Quem vive sob a perspectiva natural não tem o Espírito Santo, que é dado às pessoas que obedecem a Deus (At 5.32). O natural é frio porque não sente em seu coração o calor propiciado pela salvação em Cristo (Jo 8.12). Esta, que é confirmada pelo selo do Espírito (Ef 1.13,14), traz não só o calor, mas também a iluminação (Mt 4.16; 1 Pe 2.9). Por isso, o não-salvo está, espiritualmente, frio e apagado (2 Co 4.4).


O homem natural também é dominado pela natureza carnal, adâmica (Ef 2.1-3), e comete com naturalidade as obras da carne, não tendo controle sobre as suas paixões (Rm 7.19,20). Judas, irmão do Senhor, ao escrever sobre essa categoria de pessoas, afirmou: “dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem” (Jd v.10).


O homem espiritual ou quente. É a pessoa que já nasceu de novo e está experimentando a regeneração pelo poder transformador da Palavra de Deus (Jo 3.3; 2 Co 5.17). Trata-se do “novo homem”, que já se despojou do “velho homem” que se corrompe, a fim de se renovar no seu próprio espírito (Ef 4.22-24). O homem espiritual é a pessoa que tem prazer em cultivar o seu espírito (Rm 1.9).


Deus formou o ser humano tripartido: espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23). O espírito humano não deve ser confundido com a alma (Hb 4.12). Trata-se de um canal exclusivo de adoração a Deus e comunhão com Ele (Jo 4.23,24). Já a alma é onde está a personalidade de cada indivíduo; ela é formada por intelecto, sentimento e vontade. E o corpo é o invólucro do espírito+alma; ele é composto de cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato.


O homem espiritual adora a Deus no seu espírito, verdadeiramente. As palavras que saem dos seus lábios partem do coração (Is 29.14; Sl 57.7). A sua espiritualidade subjuga a sua natureza carnal (Gl 5.19-21), não pela sua própria força, mas pelo fruto do Espírito (Gl 5.22; Ef 5.9). O espiritual é chamado de quente porque tem em seu coração o fogo do Espírito Santo e da Palavra do Senhor (Mt 3.11; At 2.1-4; Jr 23.29; Sl 39.3; 45.1; Lc 24.13-32).


O homem carnal ou morno. Enquanto os homens natural e espiritual formam um contraste, o carnal (morno) não é nenhuma coisa nem outra. É a pior categoria de pessoas, considerando as seguintes palavras do Senhor Jesus, em Apocalipse 3.16: “porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”.


Qual é a diferença entre o natural e o carnal? Os dois não cometem as mesmas obras da carne? A diferença não está no praticar, e sim na condição de quem comete as obras infrutuosas das trevas. O natural peca, mas com naturalidade e ignorância. O carnal, por sua vez, já conhece a verdade. Seus pecados são conscientes.


O homem carnal, morno, não é o homem natural, frio, que não conseguiu chegar ao estágio de espiritual e quente. Na verdade, é o homem espiritual, quente, que começa a sofrer um processo de esfriamento, até chegar à mornidão espiritual (Mt 24.12). Daí Jesus o chamar de desgraçado, miserável, pobre, cego e nu (Ap 3.17,18). Embora conheça a verdade, o carnal escolhe viver no pecado e ser dominado pelas obras da carne (Cl 3.5).


Por que Jesus disse ao carnal pastor de Laodicéia: “Tomara foras frio ou quente”? Ele quis dizer que é bom ser frio? Não! O Senhor só disse isso para enfatizar que não tolera coração dividido (Tg 4.8; 1 Rs 18.21). A postura de um servo de Deus deve ser convicta, e não dúbia: “Sim, sim; não, não”. Por isso, o carnal, morno, é pior que o frio.


E você, prezado leitor, é um homem espiritual, quente? Se sim, glória a Deus! Continue cultivando o seu espírito, alimentando-o com a Palavra da verdade. Mas, se pertence à categoria dos homens naturais, frios, saiba que “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância [...] quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (At 17.30; 1 Tm 2.4).


Finalmente, se você é carnal, morno, a mensagem que Jesus lhe entrega agora é a mesma que dirigiu aos laodicenses: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3.19,20).


Amém?


Ciro Sanches Zibordi