Lição 02
OSÉIAS – A FIDELIDADE NO
RELACIONAMENTO COM DEUS
Texto Áureo: II Co. 11.2
– Leitura Bíblica: Os. 1.1,2; 2.14-17, 19,20
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O Deus da Bíblia não é uma simples força, ou uma máquina que não
deseja se relacionar com os seres humanos. As Escrituras revelam um Deus que se
revela, que falou e ainda fala (Hb. 1.1,2). Mas esse Deus é Espírito, e deve
ser adorado como tal (Jo. 4.24). O livro do profeta Oséias, que será estudado
na aula de hoje, nos instrui quanto a essa importante verdade. A princípio
apontaremos os aspectos contextuais do livro, em seguida, a mensagem para
aquele tempo, e ao final, sua aplicação para os dias atuais.
1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
O propósito de Oséias é
mostrar o amor de Deus pela nação israelita, ainda que essa estivesse em
pecado. O nome de Oséias, que era filho de Beeri, significa “salvação” em
hebraico. Sua mensagem foi destinada ao Reino do Norte (Israel),
aproximadamente em 715 a. C., e narra fatos que aconteceram por volta de 753 a
715 a. C. O ministério profético de Oséias teve início ao final do próspero,
mas decadente reinado de Jeroboão II. Há registros que as classes mais altas
desfrutavam de prosperidade financeira enquanto que os pobres eram oprimidos. Sua
profecia se estende até pouco tempo depois da queda de Samaria, em 722 a. C. O
versículo-chave de Oséias é o bastante controvertido texto: “E o Senhor me
disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o
Senhor ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem os
bolos de uvas” (Os. 3.1). Os estudiosos concordam que essa ordenança divina não
orientava o profeta a se casar com uma mulher adúltera, mas com uma que iria
tornar-se infiel ao profeta. Isso pode ser deduzido a partir dos nomes dos
filhos de Oséias com Gômer, sua amada esposa. O primeiro, Jeezreel (Deus
espalha), ao que tudo indica, teria sido filho de Oséias, mas não os demais:
Lo-Ruama (não compadecida) e Lo-Ami (não meu povo), resultado dos
relacionamentos pecaminosos de Gômer. Ademais, um profeta de Deus não poderia
se casar com uma mulher adúltera, pois o Senhor havia proibido que os
sacerdotes assim procedessem (Lv. 21.7). O livro apresenta a seguinte divisão:
1. O casamento de Oséias com Gômer (cap. 1); 2. O adultério de Gômer (cap. 2);
3. A restauração de Gômer por Oséias, a demonstração de amor fiel do esposo
(cap. 3); 4. O adultério idólatra de Israel (caps. 4,5); 5. Israel se recusa a
arrepender-se (caps. 6 a 8); 6. Israel é julgada por Deus (caps. 9,10) e 7. a
restauração de Israel pelo Senhor amoroso e fiel (caps. 11 a 14).
2. A MENSAGEM DE OSÉIAS
O livro de Oséias revela o propósito de Deus de ter um relacionamento
singular com o Seu povo Israel. Isso porque aquela nação se encontrava
distanciada do Senhor, como Gômer, havia se tornado “uma esposa adúltera” (Os.
1.1-3). Ao invés de ser grata a Deus, por tudo que Ele havia providenciado (Os.
2.8), Israel preferiu ir após deuses estranhos. Como consequência, o Senhor
haveria de tirar os benefícios que havia lhe dado (Os. 2.9-13) com o objetivo
de atraí-la novamente para Ele (Os. 2.14). Apesar da infidelidade de Israel, a
esposa, Deus, o esposo amoroso, não desiste (Os. 2.19-23). Do mesmo modo que
Gômer tratou Oséias, Israel o fez com o Senhor, distanciando-se emocionalmente
dEle, e deixando de levar o compromisso da aliança firmado a serio (Os. 3.1-3).
O sofrimento de Deus, pela traição de Israel, é figurado na mensagem profética
de Oséias (Os. 4.1-4). Ele identifica os pecados das nações, inclusive dos
sacerdotes (Os. 4.5-11). A culpa precisa ser assumida, Deus chama a atenção
para esse fato, caso contrário, o julgamento virá (Os. 4.8-15). O povo, ao
invés de arrepender-se, busca pactos com nações vizinhas, a fim de obterem uma
suposta segurança (Os. 6.8-18). Nem mesmo a religiosidade será capaz de evitar
o julgamento, os sacrifícios para nada servem, apenas para ocultar a falta de
contrição do povo (Os. 8.11-14). Por não se arrependerem, o povo de Israel irá
para o cativeiro, na Assíria (Os. 9.1-9), as glórias do passado não serão
contadas. Mas há ainda uma esperança, Deus julga, mas esse mesmo Deus que julga
é também amoroso, e deseja relacionar-se com o Seu povo (Os. 11.1-4). Seu amor
e paciência não têm fim, por isso, aqueles que decidirem seguir o Senhor serão
renovados (Os. 12.14). A adoração a Baal resultou na morte espiritual de Israel
(Os. 13.1-3), todavia, somente Deus é o Senhor (Os. 13.4-8). Israel deveria
reconhecer essa verdade, e saber que o amor de Deus é livre e incondicional
(Os. 14.4), e que somente este amor é capaz de transformar o povo (Os. 14.5-8).
3. PARA HOJE
A mensagem de Oséias tem tudo a ver com a realidade atual, inclusive
nas igrejas evangélicas. O relacionamento prefigurado entre Oséias e Gômer tem
conotação direta com o de Jesus e a Igreja (Ef. 5.27). Muitas igrejas
evangélicas estão em situação de adultério espiritual. A Igreja, que antes era não
povo, tornou-se povo de Deus, pela misericórdia do Senhor (I Pe. 2.10). Nas
palavras áureas de Jo. 3.16, “Deus amou o mundo de maneira tal que deu Seu
único Filho”. O amor – agape – de Deus é sacrificial, tal como Oséias, Ele não
olhou para a condição deplorável do pecador (Rm. 5.8). Mas ao invés de reconhecer
esse incomensurável amor, as pessoas, inclusive alguns da igreja, se distanciam
do Senhor (Rm. 1.18-23). Eles negam a revelação que o próprio Deus deu de Si
mesmo, e quando conhecem tal revelação, agem de modo contrário. Mas nestes
dias, nos quais se dá muita ênfase à doutrina do amor de Deus, não podemos
deixar de atentar para a Sua ira. Não esqueçamos que todas as coisas estão
patentes aos olhos de Deus, e que deveremos prestar contas a Ele (Hb. 4.13). A
misericórdia de Deus está disponível, mas os pecadores precisam demonstrar
verdadeiro arrependimento (Lc. 18.13), O Senhor não admite um relacionamento
morno, que nem é quente nem frio (Ap. 3.16). Diante da mensagem profética,
devemos reconhecer que somos pecadores (I Jo. 1.8,9), e confessarmos a Cristo, a
fim de obtermos perdão (I Jo. 2.1). Como nos antigos tempos, as iniquidades
continuam separando as pessoas de Deus, colocando empecilhos para um
relacionamento genuíno com Ele (Is. 59.2). Coloquemos, pois, diante da Palavra
de Deus, ela continua afiada, penetrando na divisão da alma e do espírito,
julgando os pensamentos e as atitudes do coração (Hb. 4.12).
CONCLUSÃO
Muitas igrejas já não sabem mais o que é
relacionarem-se com Deus,
conformaram-se totalmente com o mundo (Rm. 12.1,2). O ativismo, em
algumas
delas, serve apenas para ocultar a ausência de uma verdadeira intimidade
com o
Senhor. Tais igrejas precisam reaprender o caminho, e, ao invés de
confiarem na
autossuficiência, permanecerem em Cristo (Jo. 15.4-5). Essas igrejas, e
os
crentes individualmente, devem aprender o que realmente significa chamar
a Deus
de Pai (Mt. 6.9), amá-LO de todo coração e entendimento (Mt. 22.37; Mc.
12.30), a fim de que possam ter a fragrância de Cristo (II Co.
2.14,15) e produzirem frutos (Jo. 15.5,16).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
HUBBARD, D. A. Oséias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1989.