"Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores." (Rm.5:8) A palavra graça quer dizer “favor não merecido”. O sacrifício vicário de Cristo foi ato voluntário, ato de amor, um ato despojado, altruísta. A graça nos foi outorgada única e exclusivamente por que Ele resolveu nos amar e salvar. Não era uma questão de merecimento, haja vista que não tínhamos nada de bom que nos fizesse ser minimamente merecedores de algo da parte de Deus e muito menos com o que pagar, tamanha era a nossa dívida. Fomos alvo unicamente do amor do Criador. No ministério do amor, da graça e da misericórdia, no qual estamos inseridos, impera a lei do voluntariado, da livre consciência e por isso, tudo o que fizermos para o Senhor devemos fazê-lo sob os mesmos princípios pelos quais Ele nos alcançou, ou seja: pelo amor, pela misericórdia e por ato voluntário. Evangelho é serviço e fomos chamados para servirmos uns aos outros, para caminharmos a segunda milha, para oferecer a outra face, enfim, até para cedermos nossos direitos, muitas vezes, em detrimento da espera pela edificação e do renovo do entendimento do irmão. A graça tem o condão de nivelar a todos numa única condição, não privilegiando ninguém em detrimento do outro. Ao mesmo tempo em que nos dá certos direitos, retira também de nós outros direitos, principalmente o de sermos juízes espirituais sobre o servo alheio. Assim, como indignos merecedores que nos tornamos por causa do pecado, a graça, através de seu melhor fruto, a misericórdia, nos deu direito a reatar a comunhão com o Pai; e como ninguém de nós teve participação neste processo, analogamente a graça não nos deu, não admite e não concede direito a ninguém de falar do seu irmão, pois no fim das contas, Deus é Deus sobre todos, de todos e para todos. Como despenseiros da graça, precisamos aprender a ver e tratar o irmão e o servo alheio pelos óculos da misericórdia, da paciência e da tolerância com os mais fracos na fé, já que ninguém, absolutamente ninguém, está em condições de apontar defeitos dos outros; por isso, os “crentes-juízes” de plantão devem tomar cuidado com o que dizem de seus irmãos, lembrando-se sempre de primeiramente tirar a trave de seu olho, antes de se preocupar em tirar o argueiro do olho alheio, não esquecendo, também, de lavar a boca. Uma igreja onde perduram falatórios tem o ambiente espiritual carregado por estarem, os crentes, infringindo uma determinação bíblica: a de não falar mal do irmão. E no fim o poder que tanto queremos ver nos cultos acaba não caindo. Assim, orar é melhor do que apontar, e o ouvir, melhor que o falar. A espiritualidade da igreja agradece. Não foi por merecimento e sim pela graça que fomos alcançados. Se fosse por merecimento não haveria graça, haveria justiça própria. Misericordiosos sim, juízes não! Paz! |